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quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Cambodja e lemongrass

[caption id="attachment_328" align="aligncenter" width="731"] Lemongrass em pó[/caption]

 

O Cambodja só não deixa saudade a quem não quiser senti-la. Dizem que temos sempre saudades dos sítios onde fomos felizes e todos podemos validar esta pequena Verdade. Ainda é recente a saudade dos lugares e amigos que lá ficaram até sabe-se lá quando; mas na segunda-feira acordei com saudades da comida. Pois.

Não, eu não tenho saudades só das comidas dos lugares mas os sabores são corvos das memórias e espicaçam-mas de uma maneira que me custa calar. E como eu sou a favor da liberdade de expressão, mesmo dos corvos mais atormentadores, entrego sempre tudo à mensagem. Mergulhemos então na saudade e já agora, que se faça um prato para a acalmar.

Em Siem Reap há poças grandes de chuva nas estradas. Há carros, poucos, motas, muitas, tuk-tuks com mota, vários, e bicicletas. Há cavalos e pessoas a pé. Há motas com quantas pessoas elas aguentem e grandes sorrisos para nós. Sorriem também uns para os outros quando estão em sarilhos. Calor e pó, chuva e lama. Tudo no mesmo dia e no mesmo lugar.

Há mercados que só funcionam de dia e outros que só funcionam à noite. Há turistas a montes, atraídos pela imponência de Angkor e em percursos pelo Sudeste Asiático. Vêm ou vão para a Tailândia, Laos, Vietname. Há uma rua "pub street" onde desfilam os turistas e os seus amigos. Com restaurantes, pubs, bares, lojas e massagistas. Tudo pensado para nós, turistas, que os de lá não têm dinheiro para aquilo. Esta rua só visitámos no último dia que lá estivemos porque entretanto havia coisas únicas para ver antes dos pubs temáticos para camones. Mas, no fim, lá fomos jantar com o nosso guia e amigo e estava-se muito bem. Temia uma Khao San road e afinal era tudo muito melhor. Não gostei nada de Khao San road, fico tão deprimida com turistas bêbados descontrolados e senhores de idade respeitável com adolescentes asiáticas pelo braço; parece que a experiência de khao san me traumatizou e agora quando me dizem que temos que ir até à rua-não-sei-quantos porque é lá que estão os backpackers fico sempre naquela. Hum, não.

 

[caption id="attachment_322" align="aligncenter" width="768"] Especiarias no mercado de Siem Reap[/caption]

[caption id="attachment_324" align="aligncenter" width="768"] Queijo e pasta de peixe no mercado de Siem Reap[/caption]

Lá perto desta cidade moderna Cambojana de Siem Reap, há aldeias rurais, bonitas , pobres e com um ar de simples felicidade. Há vacas muito magras mas que andam soltas pela beira do rio que tanto os sustenta, como os desalenta. Estas águas, que ora sobem ora descem, vêm literalmente do Topo do Mundo onde nasce o rio Mekong cujos movimentos ora empurram ora sugam as águas que alimentam esta aldeia. Desce pelo Planalto Tibetano, passa pela China, Myanmar, Laos, Tailândia, volta ao Laos, desce para o Cambodja e vai depois criar o Delta do Mekong para se  transformar em Mar.  A vida nesta aldeias é extraordinariamente regida pelos movimentos do rio.  As rotinas, tarefas e estilo de vida da aldeia adaptam-se ao que o rio lhes trás ou deixa de trazer.

Quando há água para isso, planta-se e transplanta-se o arroz. Vai-se à pesca. trata-se do que se apanhou. Faz-se queijo de peixe. ( Não provei mas não tinha um cheiro promissor. No entanto, acredito quando me disseram " cheira mal mas sabe bem", acontece muitas vezes com coisas gourmets, como aquela.

[caption id="attachment_319" align="aligncenter" width="768"] Recolha do peixe apanhado pelos barcos na aldeia perto de Siem Reap nas margens do Tonlé Sap[/caption]

O rio é também casa. Há lá pelo menos duas grandes aldeias flutuantes. Visitei a de Kampong Phluk e foi como reviver.  Tenho uma estória para contar sobre um rapaz-peixe que lá vive mas essa é para depois.

Em Kapong Phluk, também conhecido localmente, em gíria de turista, como floating forest, o rio é terra, chão, mãe e pai.  Há uma escola, um navio Hospital lá colocado por terceiros - muito obrigada em nome da Raça Humana, se me permitem - um templo e uma casa Comunitária. Tudo construído sobre estacas que se enterram no chão do rio. Há muitas casas e muitas pessoas também. Há algumas casas em terra, perto da escola. Barcos e crianças que tomam banho e lavam a roupa no rio e ficam debaixo de água tanto tempo sem respirar! Há um restaurante com cerveja fresca e muita comida onde quem tiver febre também pode lá ir curar-se com ventosas de vidro. No Cambodja a medicina tradicional é muito semelhante à Chinesa. Há as senhoras do remo, que levam os turistas a passear em pequenas canoas por entre a floresta flutuante.

[caption id="attachment_318" align="aligncenter" width="768"] Kampong Phluk[/caption]

 

[caption id="attachment_317" align="aligncenter" width="768"] Medicina tradicional em Kampong Phluk[/caption]

[caption id="attachment_320" align="aligncenter" width="768"] Kampong Phluk[/caption]

O Cambodja e a zona circundante a Siem Reap deixam saudades porque são lindos. Nem falei de Angkor porque já se sabe que estando em Siem Reap, vai-se lá parar e vai-se ver algumas das coisas mais belas que o Homem inspirado já fez. Mas a pérola deste país é quem lá habita.

Dizer que eles sorriem muito é dizer o que toda a gente diz quando aqui vem, mas dizer as verdades nunca será contra a moda de ser original nas palavras e pensamentos. No Cambodja sorrir é mostrar que se está feliz mas é também um sinal de boas-vindas e eles ainda não se fartaram de mostrar com que firmeza , humilde e satisfação se constroem .

Em Siem Reap, no mercado nocturno havia especiarias em saquinhos de 1 dólar. Havia todas. Lemongrass em pó, ainda bem que te comprei e te trouxe na mala, mal sabias tu que havias de matar a saudade do teu país com a ajuda de umas batatas doces e leite de Côco.

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