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quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Pão de Banana e Aveia - porque a Meghan Telpner é a maior.

Pão de Banana e Aveia - porque a Meghan Telpner é a maior.

Esta receita é uma reprodução da receita da nutricionista canadiana, Meghan Telpner. Para além de ser uma das minhas nutricionistas favoritas é também a minha chef de eleição. Sigo o blog dela desde o início quando a Meghan ainda gravava os episódios da Meghan TV na sua cozinha antiga e na sua pequena casa de banho ( não, ela não cozinhava na casa-de banho! Eram vídeos sobre higiene corporal.) A Meghan enquadra a arte da cozinha num conjunto holístico de práticas que considera serem as de um estilo de vida o mais saudável possível.


Meghan Telpner, foto por Catherine Farquharson

Para além de cozinheira e nutricionista a Meghan é uma pessoa realmente inspiradora. Uma advogada de defesa do estilo de vida saudável num todo, ela tem-se tornado uma figura publica com uma mensagem poderosa.

A Meghan cresceu e foi um prazer acompanhar virtualmente este percurso que foi sempre feito com uma ética extrema e uma coerência admirável. Hoje em dia tem um livro best-seller, o UnDiet, uma série de episódios na Meghan TV onde para além de nos ensinar receitas super saudáveis e deliciosas, ensina-nos dicas para levar uma vida mais concentrada e responsável, a todos os níveis. Convida médicos famosos para debater questões pertinentes de forma educada e realista, coisa que muitos “gurus” da saúde falham em fazer. Na minha opinião, isso desacredita-os, quando não estão dispostos a por à prova da ciência as suas declarações. A Meghan, faz o oposto. Para além de escrever livros, gravar vídeos, fazer entrevistas e imensas aparições em vários canais de media, a Meghan também dá cursos e workshops e realiza regularmente eventos online.

Para além disso, as receitas não são aborrecidas nem sem sabor. São infalíveis na execução e ela oferece sempre montes de soluções para substituir ingredientes mais complicados. Acreditem, eu já experimentei muitas e é raro uma receita da Meghs dar errado! Oh não, chamei-lhe Meghs como se fossemos amigas, é o derradeiro sintoma do stalker virtual!

Ok, em frente, você querem é a receita não é? 


servi com puré de frutos vermelho e sementes de sésamo preto. Podem servir simples, com chocolate quente, puré de frutos.
Então, esta receita de pão de banana e aveia só fiz uma vez e só mesmo duas pessoas é que provaram, eu incluída, claro! Ainda não estava bem frio quando já não havia nada. É porque não apetece parar de comer nunca. Para além de ser delicioso e doce, tu sabes que aquilo te está a fazer bem pela quantidade de nutrientes que injectaste ali. Este pão é quase um bolo porque é doce do mel cru que leva mas também há pão doce por isso, este não é nem um bolo nem um pão tradicional mas uma mistura de ambos.

Podem ver a receita original aqui (Banana and Oats Bread) e show some love à Meghan que ela merece.<3

Aqui vai a minha reprodução. Espero que gostem e que não se deixem intimidar se às vezes os ingredientes parecem inacessíveis. Muitas das coisas dá para fazermos nós mesmos e poupar imenso dinheiro enquanto nos certificamos da qualidade daquilo que consumimos.

Por exemplo, a farinha de arroz integral é super fácil de fazer em pequenas quantidades, para utilizar na hora. A farinha de milhete ( buckwheat) , a de aveia, a de amêndoas, são todas feitas da mesma forma. Basta terem uma boa liquidificadora, colocar lá para dentro os pequenos príncipes e pulverizar durante alguns minutos. Depois, passar por um passador e têm farinha de tudo o que vos apetecer. Arroz, lentilhas, feijão, amêndoas, coco, aveia. 
para a farinha de arroz, só precisam de colocar os grãos numa liquidificadora potente e depois filtrar  o resultado com um passador. 

Digam-me por favor se experimentarem a receita e mostrem-me as vossas inspirações. Se adaptarem algum ingrediente e funcionar, partilhem para podermos todos aprender.

Pão de Banana e Aveia | Receita

120 g de farinha de arroz integral*
120 g de flocos de aveia integrais
1 cc de bicarbonato de sódio
2 ½ cc de fermento **
1 cc de canela em pó
3 ou 4 bananas maduras, esmigalhadas
1 chávena de chá de puré de maçã ***
¼ de chávena de chá de azeite virgem extra
2 ovos
1/1 chávena de chá de mel cru
1 cc de extracto de baunilha
1 pitada de sal marinho

    * experimentem fazer a vossa própria farinha. Só precisam do arroz, de uma liquidificadora e de um passador. Não se esqueçam que com este método apenas devem fazer farinha suficiente para usar na hora. Como o arroz não foi demolhada e seco ao calor depois, esta farinha não dura quase tempo nenhum por isso este processo não é bom se quiserem fazer grandes quantidades de farinha para reservar. Utilizem este métodos só para farinha para usar na hora.

    ** para substituir o fermento comprado nas lojas com alumínio, podem juntar bicarbonato de sódio (fácil de encontrar em supermercados, na zona das especiarias) e cremor de tartáro ( bitartarato de potássio, existe à venda em lojas de produtos para confeccionar bolos ou pode sr encomendado online. Também dá para comprar e encomendar em farmácias)

    *** puré de maçã é super fácil de fazer. Eu faço sempre na hora de usar. Só precisamos de maçãs, azeite ou óleo de coco, água e sumo de limão. Ferver tudo e quando a maçã estiver mole de cozida, basta esmigalhar com um garfo.



Processo
  •  Pré-aquecer o forno a 350 C
  • Juntar todos os ingredientes secos num recipiente.
  • Juntar os restantes ingredientes num recipiente à parte. Misturar bem.   
  • Juntar os ingredientes secos com os restantes e misturar bem.
  • Levar ao forno num pirex untado com azeite e polvilhado com um pouco de farinha.
  • Cozinhar por 40 minutos ou até estar dourado por cima.
Opcionalmente podem juntar à massa pepitas de chocolate negro sem açúcar, bagas, frutos secos.




Como tornar esta receita Vegan?
Ovos - Por cada ovo, substitua por “ovo de linhaça”. Faz-se assim, por cada ovo que a recita peça, faz-se : coloca-se uma colher de sopa de farinha de linhaça num recipiente( sementes de linhaça moídas na trituradora!) , depois junta-se 3 colheres de sopa de água e dissolve-se. Refrigerar entre 15 minutos a uma hora.
Mel - Misturar xarope de agave bio com geleia de arroz - bio também, e sempre que conseguirem.




sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Eating Tales, o primeiro vídeo


Um dos objectivos deste site para 2014 é a produção de uma web série de mini episódios relacionados como a alimentação, a culinária, as viagens e a sustentabilidade.

Há 3 dias ficou disponível o primeiro episódio "Shake the Hand That Feeds You". Este vídeo foi filmado no concelho de Sesimbra, numa horta pertencente à rede PROVE. Neste dia, falámos com o Sr Miguel Gervásio que nos contou como a sua dedicação à agricultura lhe tem permitido ter uma vida mais feliz e mais saudável.

A rede PROVE é uma das crescentes instituições em Portugal que tem facilitado o contacto directo do consumidor com os seus agricultores locais. Ao nos inscrevermos no site, através de um formulário onde podemos indicar a periodicidade dos cabazes de legumes que queremos receber,  podemos adquirir cabazes de legumes locais a preços justos.


Desta forma, trazemos de volta ao nosso prato a identidade dos agricultores e podemos ter mais certezas sobre a segurança daquilo que consumimos. Neste episódio abordam-se também ligeiramente as questões da segurança alimentar, da agricultura biológica e da modificação genética dos alimentos.

Convido-vos a conhecer a quinta do sr Miguel.

E vocês, acham importantes estas iniciativas?  Qual a vossa opinião sobre a importância do consumo de produtos de agricultura biológica?


The Eating Tales , episódio 2 : Shake the Hand That Feeds You

Vimeo HD 

quinta-feira, 2 de maio de 2013

O Bosque dos Carvalhos Que Cantam




Os sapatos já não lhe serviam tão bem como quando a mãe lhos tinha oferecido o ano passado mas ainda eram os seus favoritos e, mesmo com dores nos pés, descia com eles, a correr, a estrada de terra batida que ia dar ao Bosque dos Carvalhos que Cantam. Este era o nome secreto que usava quando estava em silêncio, dizê-lo em voz alta era trair a confiança do orgulhoso carvalho, rei de todos os carvalhos do mundo.

E Eva nunca trairia o seu guardião a quem respeitava como um pai. Ao principio tinha contado à mãe e à irmã que o bosque falava-lhe e cantava-lhe mas depressa percebeu que elas eram surdas à sua sabedoria e gostavam de ser.

Era muitas vezes assim com as pessoas deste planeta, proibiam-se de uma série de liberdades com medo de voar e depois viviam infelizes nas suas gaiolas. Amava todas as pessoas que conhecia, como irmãos, mas sabia que a maior parte delas não podiam saber dos seus segredos. Agora, já não falava muito sobre estas tardes mágicas onde aprendia e partilhava com as árvores e as plantas do bosque. Guardava os seus ensinamentos para si e pensava que, quando crescesse mais, ia poder contar tudo sem que lhe levassem os contos por fantasia de criança.

Os adultos eram tão fáceis de entender mas tão inocentes na sua austeridade. Com armaduras de amarguras tiravam a magia ao Mundo e sofriam quando a procuravam e ela já não lá estava; não percebiam que eles é que a tinham assustado para longe? As árvores também gostavam dos adultos. Eva tinha perguntado porque é que a mãe e a irmã não ouviam as canções e o Carvalho tinha-lhe contado que elas ouviam apenas o ruído e não reconheciam a melodia. Tinham-se esquecido de como é que se fazia. Mas Eva não ficou triste, não sentiu a tragédia humana. Era consciente demais para sentir tristeza, só conseguia ver a grandeza.

Naquele dia dos sapatos apertados, quando entrou no bosque e chamou mentalmente pelo amigo Carvalho, ele não lhe respondeu. Seria por já estar tão crescida? Os sapatos afinal, já não lhe serviam. Se calhar estava a esquecer-se da melodia como a mãe e a irmã. Chamou outra vez e não ouviu nada. Depois, ao fim de uns minutos de espera e silêncio ouviu qualquer coisa a roncar. Já estava na hora de lanchar?

domingo, 28 de abril de 2013

Crudivorismo - A arte de não cozinhar




Se cozinhar é uma arte, não cozinhar também o é. Na verdade parece-me um desafio bastante maior elaborar refeições saudáveis e saborosas sem a ajuda do fogo que tanto sabor confere às coisas que cozinhamos. Existe uma dieta alimentar onde não se cozinham os alimentos, chama-se crudivorismo e está cada vez a ganhar mais adeptos. Apesar do crudivorismo em si ser omnívoro, a maior parte das pessoas que o adoptam são vegetarianas ou mesmo vegan.

O que é o Crudivorismo?


O crudivorismo é quando decidimos que já não vamos cozinhar nem processar mais os alimentos. Na maior parte das vezes, seleccionam-se alimentos orgânicos e selvagens. Quanto mais naturais, melhor. Nas dietas omnívoras os “raw foodistas” comem ovos, sushi, carpaccio, queijos e leites crus não pasteurizados. Nas dietas vegan, as estrelas são as frutas, vegetais, nozes e sementes orgânicas cruas ou cozinhadas a menos de 40 °C .

Porquê comer tudo cru?


Muitos autores e nutricionistas consideram que cozinhar os alimentos acima dos 40 °C  faz com que estes percam grande parte do seu valor nutricional e que se tornem menos saudáveis e, por vezes, dependendo do alimento, até prejudiciais para o corpo. Os advogados da dieta crua dizem que as comidas cruas ou vivas contêm enzimas naturais que são essenciais para a construção de proteínas e, consequentemente, para a regenerarão e construção dos nossos corpos.

Mas nem todos concordam; outros autores argumentam que essas mesmas enzimas, tais como outras proteínas consumidas nesta dieta, são eventualmente desfeitas pelo processo digestivo o que as torna disfuncionais perdendo todo o objectivo da dieta.

Entre os seguidores do crudivorismo, existem ainda aqueles que comem apenas frutas, os que bebem apenas sumos e os que comem apenas rebentos. 


Um pouco de história


Quem se lembrou de começar a advogar estas dieta fê-lo como um tratamento de saúde complementar. Foi na Suíça em 1890 e picos que um médico Suíço, Maximiliano Bircher-Benzer, começou a experimentar com os legumes crus e a sua influência na saúde humana. Foi também por essa altura que abriu uma clínica em Zurique para fazer tratamentos seguindo estes princípios. A clínica ainda lá está e ainda recebe milhares de pessoas todos os anos, em busca de um estilo de vida mais saudável.

Livros e estudos


Um dos livros mais conhecidos sobre este tema é o “Raw Energy - Eat Your Way to Radiant Health", por Leslie Kento, editado em 1984. Este livro veio popularizar o consumo de sementes, rebentos, sementes, legumes e frutas frescos e crus como forma de promover uma saúde excelente. Foi um dos primeiros livros que apresentou pesquisa específica sobre os verdadeiros efeitos desta dieta na saúde geral de um ser humano. Neste livro, Leslie analisou, entre outras, a dieta de Max Gerson, um dos pioneiros na utilização de uma dieta crua na cura do cancro.

 O Instituto Gerson e a Cura do Cancro com Comida Crua

Instituto Gerson utiliza uma dieta crua, muito baseada no consumo de frutas e legumes frescos processados em sumos em conjunto com métodos de detox, para curar cancros de todos os tipos. O método diz que se consumirmos 75% de comida crua na nossa dieta, podemos prevenir imensas doenças degenerativas, abrandar o processo de envelhecimento, aumentar o nosso bem estar emocional e os nosso níveis de energia.

Como Preparar a Comida e o Que Comer?


 Comer tudo cru pode ser bastante simples ou um pouco mais complicado. A maior parte dos vegetais e frutas podem ser consumidos directamente, tal como os compras, ou elaborados em simples saladas, sumos, sopas frias. Outras comidas como o arroz e outros cereais e grãos, são mais complicados e requerem que os ponhamos a germinar para se tornarem comestíveis. Alguns especialistas defendem que as sementes e os frutos secos devem ser demolhados durante, pelo menos, 24 horas para se activarem as enzimas benéficas

Depois tudo depende da nossa imaginação e do nosso nível de inclinação artística. Os que gostam de preparar pratos gourmet cheios de estilo, cor e sabor, vão precisar de liquidificadoras, máquinas de sumo e, para os mais audazes, desidratadoras para elaborar pratos mais complicados. Mas estes aparelhos não são essenciais, apenas adicionam um toque de requinte à preparação das refeições, quando se quer algo diferente e mais apetrechado. Congelar a comida é aceitável mas é de evitar pois diminui a efectividade das enzimas.

 Estudos e controvérsias

Como a ciência está sempre a evoluir, estão sempre a aparecer novas descobertas à luz das quais podemos fazer as nossas escolhas. Existem estudos publicados que são a favor desta dieta e outros que são contra. É um pouco dúbio e cada organismo responde de forma diferente às diferentes dietass. O meu conselho é que estudem bem tudo isto e que façam escolhas informadas. Caso estejam interessados na transição, comecem devagar e vão-se adaptando ao que o vosso corpo vos for mostrando.

Na minha opinião devemos tentar consumir o máximo de comidas frescas, naturais, orgânicas e saudáveis mas com peso e medida no que toca à preparação e condimentação da comida. Uma dieta radical não é natural e pode ser prejudicial para vários tipos de condição física. É possível praticar uma alimentação raw vegan com imenso benefícios de saúde mas isto tem que ser feito com muita disciplina e informação caso contrário sofreremos, certamente, de carências alimentares. Esta dieta, feita de forma saudável, requer que se ingiram quantidades gigantes de legumes e frutas frescas e cruas todos os dias. É dispendiosa e requer disciplina militar o que faz com que muitas pessoas que a adoptam não a sigam de uma forma funcional. Mas não deixem que isto vos desmotive de um caminho alimentar mais saudável. informem-se e aprendam tudo o que houver para aprender sobre a ciência por detrás destas dietas alimentares e tomem decisões informadas, adaptadas à vossa realidade.

Eu diria que um 50-50 de cru-cozinhado é um sweet spot que funciona para mim e para a grande maiorias das pessoas adultas e de boa saúde.

 A comida crua é super saborosa e sem dúvida que nos eleva energia e nos deixa radiantes e vivos como a comida que acabámos de comer.

<3 V






terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Insectos para a sobremesa

Os odores que se libertavam das mesas espalhadas pela calçada daquela rua de Bangecoque eram alucinantes; o que vale é que o serviço é, por norma, tão rápido nestes restaurantes de rua que nem dá tempo para perder a cabeça com a gula.

Sentámo-nos com 4 amigos Tailandeses numa mesa de madeira com cadeiras velhas a acompanhar e em menos de 10 minutos tínhamos uma banquete de comida Tailandesa à nossa frente. Salada fria de caranguejos minúsculos e legumes crus, tom yum (indispensável), arroz glutinoso (sticky rice) ao vapor e caril de beringela tailandesa ( thai eggplant - esta beringela é bastante diferente da beringela comum Portuguesa - a foto abaixo ilustra as diferenças - mas é super saborosa e em caril amarelo Tailandês é deliciosa.)

[caption id="" align="aligncenter" width="480"] Beringela Thai - Thai Eggplant - Imagem em Creative Commons por Pullao em http://www.flickr.com/photos/27083124@N00/119298916/[/caption]

 O caril de beringela thai vinha acompanhado por rotti, uns pãozinhos fininhos estaladiços, muito ao género tortilha ou pão nan Indiano, mas mais fino e estaladiço.Quer dizer, depende dos sítios a textura do rotti; em alguns lugares era mais grosso e oleosos e noutros mais fino. Aqui era impecável. Havia também uns talos e folhas de uma planta fritos num género de tempura, servidos com um molho vermelho extra picante a ácido. Na ementa o prato chama-se Pa Pak Boon e em inglês, Fried Morning Glory. Mas esta não é a "nossa" Glória da Manhã é uma espécie de Ipomeia aquática com flores brancas que cresce bem em lagos de água doce e é comum no Sudeste Asiático. Em alguns lugares, o molho leva carne de porco picada mas pode-se pedir sem até porque nos molhos a carne está quase sempre crua.


Depois veio para a mesa um grande tacho de barro com a água já bem quente e umas brasas por baixo que mantinham o tacho quente. Era um género de fogareiro de barro antigo, daqueles que se usava para as castanhas. Com este fogo ambulante vinham travessas de ingredientes crus. Uma quantidade gigante de ervas - folha de lima kefir, lemongrass com fartura, galangal,cogumelos frescos grandes e pequenos, pedaços de carne de frango aos cubinhos, tomates e cebola.

Vai tudo para dentro do tacho, uma das mulheres da mesa mexe a comida enquanto um dos homens lança lá para dentro mais uma mão cheia de folhas de lima. Em 10 minutos está tudo pronto para vir para as nossas tigelas. Por esta altura já a minha tinha estado cheia e vazia várias vezes com todos os caris, saladas, pães, arroz e tudo o que Se colocasse nem mesa com excepção das coisas cruas. Quando estive em Bangecoque optei por não levar vacinas por isso tínhamos sempre muito cuidado com a comida. Tenham também porque os Europeus podem facilmente apanhar grandes problemas intestinais neste países tropicais para os quais os nossos sistemas imunitários podem, por vezes não estar preparados. Bactérias nas comidas não cozinhada são comuns e uma dica para se manterem saudáveis nestes locais é evitar comer alimentos crus. Sopas, caris, molhos quentes, arroz e afins,coisas fritas: enfim, tudo o que tenha estado exposto a temperaturas elevadas é mais seguro.




Na mesa bebia-se a bela da cerveja nacional Chang quando passou pela estrada um vendedor ambulante de insectos fritos. Nós andávamos a evitar este confronto. Já tínhamos estado a considerar provar porque tinha que ser mas andávamos a adiar. Agora, estávamos aqui, com 4 tailandeses a comprar-nos saquinhos de grilos e larvas fritas em manteiga de amendoim e temperados com molho de soja e  todos a comer com um ar satisfeito. Claro que não podíamos ficar a olhar sem sequer experimentar e claro que houve toda aquela camaradagem engraçada porque eles sabem o que é que nós sentimentos em relação a isto. Eles sabem que os achamos exóticos" a comer grilos" e acham-nos exóticos, a nós, de volta.




Então e nós estávamos ali para provar (quase!) tudo e provámos. E era bom! Na verdade eram bem saborosas as larvas com um sabor a frutos secos, quase pinhão. A textura era boa também, rijas por fora e suficientemente rijas por dentro para não se tornar repulsivo. O grilo era muito estaladiço e sabia a molho de soja e óleo de amendoim. Por piada fizemos uns filmes para imortalizar as trincadelas, afinal foram os nosso primeiros insectos e não dava para não arranjar pretexto para vibrar com a situação.

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sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Carbonara para Michelangelo

Enquanto desfolhava um guia do Museu do Vaticano para aprender tudo sobre Michelangelo antes da Filomena chegar, Francesco sentia a ansiedade do encontro a crescer. Tinham-se conhecido a noite passada, por acaso, perto das Escadas da Praça de Espanha e tinham passado uma tarde épica juntos. Visitaram a Fontana di Trévi, comeram gelato enquanto pediam um desejo, tiraram fotografias ao colosseum e mais uma data de coisas do roteiro clássico de Roma.

Filomena viajava sozinha e tinha vindo a Roma em busca de arte. Respirava arte aquela mulher e Francesco não queria parecer inculto quando hoje fossem visitar o museu do Vaticano. Mas antes ainda lhe ia mostrar uma das melhores carbonaras da cidade imortal. "Espero que não seja vegetariana", pensou enquanto aprendia mais sobre o pai de David e da Capela Sistina. Ontem Filomena tinha-lhe dito que era o seu favorito e que estava super excitada com o passeio ao museo.

Olhou para a o relógio e viu com um sorriso triste que já estava há espera há uma hora. Optimista por natureza, nunca tinha duvidado que ela visse até àquele momento. Tentou lembrar-se do que é que tinha corrido mal ontem, alguma coisa que tivesse dito. Se calhar só tinha sido bom para ele aquele encontro; se calhar ela tinha-lhe dito que sim ao almoço de hoje só para se ver livre dele. Mas tão depressa pensava nisto como se esquecia logo destas duvidas; é que nestes momentos de hesitação lembrava-se do sorriso e do olhar de Filomena e nenhum deles estava nada assustado. Havia ali uma luz igual à sua. Viria. Estava atrasada por causa do autocarro ou do metro ou estava a escolher a roupa ou qualquer coisa o género. Viria com toda a certeza.

Viu uma morena de calças de ganga azuis e casaco preto a caminhar na sua direcção e o seu coração falhou um passo. Pensou "Filomena, sei così bella. Hoje provarás uma carbonara digna de Michelangelo.






Spaghetti alla Carbonara, receita Romana

Ingredientes para 2

1 dentes de alho
1 cebola pequenas
200 gramas de spaghetti
2 mão-cheias de pancetta, guanciale ou bacon
2 ovos
Sal e pimenta qb
2 colheres de sopa de parmesiano ralado na hora



Modo de preparação

Cozer o spaghetti com um fio de azeite, sal e pimenta até ficar al-dente. Escorrer o spaghetti. Entretanto numa frigideira fritar os pedacinhos da pancetta ou outra carne (bacon, guanciale) num fio de azeite, a cebola picada e os alhos cortados grosseiramente. Juntar o spaghetti cozido à frigideira e mexer bem para absorver os sabores e gorduras da carne. Num recipiente à parte bater os ovos. Depois de batidos juntá-los à frigideira mexendo sempre com muita força. Pode ser necessário juntar mais uma gema extra. Mexer sempre até os ovos estarem incorporados na massa, como um creme, não queremos bocadinhos de ovo mexido a boiar na massa, é suposto ficar cremoso.

Retirar do lume e juntar uma colher de sopa bem cheia de parmesiano ralado. Quando servir, ralar um pouco de parmesiano extra para cima da massa, pimenta preta moída na hora e uma folha de manjericão. Oferecer a Michelangelo.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Angkor, casa de Impérios e Deuses sem nome.

Angkor, casa de Impérios e Deuses sem nome.

O Cambodja, hoje em dia, faz parte de uma rota muito popular entre os backpackers  "profissionais"; aqueles aventureiros que viajam meses a fio de mochila às costas, em busca de ver e viver o Mundo. Mas nem só de backpackers vive a Ásia e o esplendor ímpar de Angkor colocou o Cambodja no mapa dos viajantes de elite também. E isto sente-se no ar; no contraste dos alojamentos da cidade mais próximo, Siem Reap onde na mesma rua estão Hotéis espalhafatosos de 5 estrelas ao lado de “lojas” de rua que vendem gasolina a litro, em garrafas vazias de whisky.

Estima-se que, todos os anos, cerca de 2 milhões de pessoas visitam o complexo de Angkor, onde se encontram templos mundialmente famosos como o avassalador Angkor Wat. Este património Mundial da UNESCO contou-me que até o mais Ateu de nós não deixa de sentir uma presença sagrada em tanta arte, beleza e dedicação e lá oferece uma prece envergonhada àqueles Deuses em quem não acredita mas que não pode deixar de sentir. E o que é mais belo nisto tudo é que estes templos pertencem a várias religiões e a nenhuma. Budistas e Hindus rezam juntos às mesmas Divindades numa lição de tolerância e aceitação.


Aqui era a sede do grande Império Khmer que reinou sobre todos aqueles países que agora gostamos de visitar na trilha da "panqueca de Banana", nome com que ficou conhecido o percurso Tailândia-Cambodja-Laos-Vietname. Todo este trilho, que é agora percorrido por turistas aventureiros de todo o Mundo, era governado pelo Grande império Khmer.

A "grande" cidade mais próxima é Siem Reap e é lá que ficam alojados a maior parte dos turistas que vêm visitar os templos. Nós ficámos lá e devo dizer que foi um dos pontos altos da minha pequena viagem de um mês por  estes trilhos. Acho que tivemos sorte com tudo porque tanto a nossa guesthouse como o condutor de tuk-tuk que contratámos para nos guiar foram tudo o que um viajante precisa: acolhedores, amorosos e em conta.

No total pagámos 30 dólares por dois dias de visitas guiadas a todo o lado nos arredores de Siem Reap; podíamos tentar ir por nós próprios, alugar uma bicicleta ou mota mas íamos estar lá tão pouco tempo que achámos que um guia condutor era a nossa melhor escolha para não perdermos tempo a tentar chegar aos sítios e também a nossa oportunidade para alguma interacção cultural. Acabámos por ter o melhor guia do Mundo que se transformou num amigo com quem aprendi um ponto de vista bem diferente e pessoal sobre os problemas políticos e sociais do passado deste povo.




O complexo de Angkor é composto por dezenas de templos e outros edifícios, todos como que feitos para sobreviver aos desafios do tempo e testemunhar a grandeza daquele povo. Nós fomos de manhã e passámos o dia todo em passeios pelas florestas que nunca se calam. Não há nada de silencioso na selva Asiática, os pássaros, os insectos, as árvores, tudo canta e é uma banda sonora mais que perfeita.

Visitámos todos os templos maiores : Angkor Wat, Ta Prohm, Bayon Temple e também alguns edifícios menos conhecidos mas igualmente maravilhosos, como a antiga biblioteca onde se lia em silêncio.



Ninguém sabe ao certo quantas pessoas habitaram em Angkor e o melhor palpite deles é com base nos sistemas de agricultura que foram encontrados nas redondezas que foram avaliados como capazes de suportar um milhão de pessoas. É que nem é difícil imaginá-las lá, distraidamente nas suas tarefas do dia-a-dia, completamente alheias ao futuro onde a sua cidade será Rainha entre os seus pares.





Uma amiga minha tinha-me dito que eu " ia me passar" com o Cambodja e na verdade, é um dos países que visitei em que mais me imaginei a viver descontraidamente e feliz. Antes de ir estive a ver os 2 episódios que o Anthony Bourdain gravou no Vietname. No início do segundo episódio, ele diz qualquer coisa do género:

"Da primeira vez que eu visitei o Vietname, pensei : estou lixado. Nunca mais na minha vida vou ser feliz enquanto não arranjar maneira de vir viver para aqui. Depois disto, como é que eu vou ser feliz a viver em qualquer outro lugar na Terra?".

Percebo-te Anthony, alguém já devia ter escrito uma tese ou dissertação científica sobre a magia da Ásia; é que quando se volta para casa é uma desinquietação que se não é feitiço, parece!
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